Genealogia Sobralense
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Assis Arruda - Uma vida dedicada à genealogia


 Publicado no Jornal O Povo )
Há alguns dias, ao chegar em casa, Naza falou que um parente meu tinha telefonado para pedir algumas informações sobre a nossa família e uma fotografia para um livro que está escrevendo sobre a genealogia dos Arruda. Antes mesmo que Naza dissesse o nome do interlocutor eu já sabia de quem se tratava, interpelando-a sem medo de errar: “A pessoa que telefonou foi o Assis Arruda?” A resposta foi afirmativa.

Na manhã seguinte, telefonei para o numero que Naza havia anotado. O Assis não se encontrava, mas fui amavelmente atendido por Da. Silvéria, sua esposa. Identifiquei-me e disse que gostaria de falar com o Assis. No dia seguinte, tornei a ligar e, desta vez, o encontrei. Combinei de ir naquela mesma noite ao seu apartamento para uma visita.

Às vinte horas cheguei ao seu apartamento, sendo recebido com muita gentileza por Assis e Da. Silvéria. Sentamos-nos à varanda e, durante duas horas, conversamos animadamente.

Assis Arruda, cujo nome completo é Francisco de Assis Vasconcelos Arruda, nasceu em Sobral a 18 de novembro de 1948. Formou-se engenheiro agrônomo e, desde 1976, faz parte da equipe de pesquisadores da EMBRAPA. Além do Mestrado em Nutrição Animal pela Faculdade de Agronomia do Ceará, concluído em 1982, esteve na Espanha de 1989 a 1993, onde concluiu o Curso de Doutorado na Escuela Técnica Superior de Ingenieros Agrónomos da Universidad Politécnica da Madrid, España.

Apesar das muitas atividades que desempenha, Assis ainda encontra tempo para se dedicar à difícil seara dos estudos genealógicos, o que tem feito desde 1970, com vários livros publicados sobre as famílias da Ribeira do Acaraú. Os prazeres e percalços proporcionados por tais estudos foi o tema principal da nossa conversa.

Logo que me sentei, Assis me mostrou um grosso volume encadernado. Ao tomá-lo em minhas mãos, vi que se tratava de um dos tomos da nova edição que está em andamento sobre a genealogia dos Arruda. Ao folheá-lo, pude constatar a forma curiosa como o Assis trabalha seus livros. Depois de digitar os dados no computador, as páginas são impressas e encadernadas em capa dura. A partir daí, ele vai colando novas páginas sobre as antigas à medida que novos dados vão sendo coletados.

Num determinado momento, convidou-me a conhecer seu gabinete de trabalho. Ali encontrei enfileirados os livros já publicados pelo autor. Mas o que me impressionou mesmo foi a quantidade de volumes do que serão futuras publicações. Assis trabalha simultaneamente em vários projetos genealógicos. Todos os dados relativos aos estudos em andamento estão encadernados e rigorosamente postos em ordem nas diversas prateleiras espalhadas por diversos cômodos, pois logo mais eu viria a descobrir que ele transformou diversos compartimentos do apartamento em pequenas bibliotecas onde acondiciona em prateleiras os volumes.

Fiquei impressionado com a quantidade de dados armazenados por Assis. No seu lugar, eu não conseguiria dar conta de tanto material. A parafernália de documentos acumulados é enorme, e só mesmo um senso de organização muito rigoroso para conseguir manter tudo em ordem de forma a estar disponível quando necessário. Se eu já admirava os genealogistas, depois da visita ao Assis decuplicou essa admiração. Inclusive porque, no seu caso, todo o trabalho é feito a suas próprias expensas, tendo que arcar com todo o ônus financeiro das pesquisas.

A pesquisa genealógica exige fôlego, posto ser um trabalho sempre em andamento, nunca sendo totalmente concluído, como afirma o Pe. F. Sadoc de Araújo: “Não há livro de genealogia que seja perfeito e completo, pois aborda matéria inesgotável e sempre sujeita a novos enriquecimentos. Restam sempre vazios a preencher com os resultados de pesquisas posteriores. Neste assunto, quem desejar obra acabada, nunca conseguirá fazê-lo. Estudo genealógico é trabalho de muitas gerações” (Apresentação ao livro: “Arruda, Assis. Genealogia sobralense: Os Gomes Parente – 1742-1999 – Volume II, Tomo IV. Sobral, Ce.: Imprensa Oficial do Município de Sobral, 200, p. 794.)